
O que são os mitos?
O mito é uma experiência viva que nos encontra em dado momento da nossa vida. Não é algo estático e fechado, datado de algum período e nem específico de alguma cultura.
O mito é o cajado do peregrino, a lanterna que traz a luz, a estrela Guia.
Quando ele nos encontra, ele abre portas internas que jamais poderíamos abrir cavando apenas com as mãos. Não há concretude no Mito, mas há imagens claras, símbolos, verdades.
O mito transpassa o entendimento consciente e é de fato uma conversa com espectros mais ampliados da Consciência.
O mito traz a profunda sabedoria sobre a Vida e Morte e sua interdependência.
Quando o mito nos encontra ele nos mostra que estamos na Jornada e atua como propulsor da alma em direção à realização do Self.
O mito pode ser tão enfadonho quanto ouvir o relato de sonho de um estranho quando trazido para uma vida ordinária. O mito e o sonho são ambos relacionados à Jornada Singular e ao mesmo tempo Universal. Mas não podemos sair falando sobre eles por aí, sem um vaso alquímico. Porque eles caem nos bueiros das cidades, são mal usados e mal entendidos, são pisoteados.
Quando o mito nos encontra ele traz abertura, uma abertura que parece ser infinita. Um caminho que se abre e poe-se a encontrar mais e mais símbolos e sincronicidades.
Sentimos legitimidade e força na nossa existência.
Pertencimento a uma ordem que guarda sentido há muitos e muitos tempos, em todos os cantos do mundo.
Sentimos a sustentação da nossa vida, a preciosidade da Vida. Não estamos mais sozinhos, nos reconhecemos.
Quando o mito nos encontra não há mais tempo a esperar. O tempo linear encontra o tempo mágico, o tempo de Kairós.
Como navegantes, como peregrinos e não podemos ficar parados, precisamos seguir as pistas que o mito vem trazendo, seguir sua luz, sua direção.
Entramos no labirinto da simbologia. A atenção se expande, os seres aparecem. Notícias chegam de longe.
Eu acredito que caminhar na virtude seja de extrema importância neste momento.
Encontraremos serpentes, dragões, mayas, muros, dias e dias de muita escuridão. O chão precisa estar bem firme. A virtude é a pedra sob nossos pés. E a próxima pedra também.
Quando o mito nos encontra, entendemos o que é a Jornada Espiritual e sentimos ainda mais responsabilidade com este contato: tem algo muito importante que precisamos comunicar
Não é possível apenas seguir, sem deixar anotado, sem levar imagens para meu próximo.
Quando o mito nos encontra, Deus está se mostrando, se comunicando. Temos de cuidar para não fazer disso feitiçaria, usar desse poder para o poder pessoal.
Tem uma encruzilhada aqui, onde já se anuncia a pesagem das almas. Como contar? Como abrir essas portas internas no meu próximo?
O mito é aberto de significantes e significados. É ambivalente, polimorfo, ambidestro, polivante.
Por isso o chão sob nossos pés precisa estar firme. A Terra, a mãe Terra. O colo, o amparo, o repouso. E só dá para ficar quando eu paro de me enganar.
Quando o mito nos encontra, sentimos que toda a busca valeu a pena e que a partir de agora, o caminho também se mostra por si, pelos símbolos, pelos sonhos, pelas experiências, pelas dificuldades, pelos medos, pelas ilusões. Tudo agora é caminho. E eu me torno um caminhante.
Quando o mito nos encontra é hora de sair da zona de conforto e viver a Jornada do Herói, da Heróina.