
O Tempo que passa no relógio não é o mesmo daquele que se passa na Natureza. O Tempo do nosso dia-a-dia cronometrado não é o Tempo da pulsação de tudo que existe, no visível e no invisível.
Acordamos cheios de afazeres e compromissos, acordamos já com pressa, atrasados. O Tempo voa.
E quando estamos na Natureza o tempo é lento, tem respiro, tem silêncio. Esse espaço entre os corpos que a terra nos dá é um aconchego, uma liberdade de fruição.
Essa noção é antiga em mim. Percebo como me acalmo quando estou no mato, quando vejo uma abertura grande de céu, quando sinto os ventos das montanhas.
No asfalto parece que há sempre uma corrida contra o tempo, uma aflição. Terminamos o dia sem brilho, sem abertura. O Tempo das cidades é tão frenético nos deixando agitados e esvaziados. Um grande mar de informações, acontecimentos, compromissos, agendas. Precisamos cuidar para estar dentro de nossos corpos, cuidar para deixar sentir o pulso.
Como trazer na rotina uma dimensão diferente e mais profunda dessa relação com o Tempo? Poder parar, respirar, observar, sorrir, fechar os olhos e curtir o sol, deitar e ver o céu e trazer na Presença e na relação com a Natureza uma outra qualidade de passar os dias? Esse é o grande desafio. De fato é preciso largar o controle e se despir de tantos julgamentos.
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo, segunda…
Existe uma estrutura grande, uma engrenagem que nos impele a sentir que devemos alguma coisa o tempo inteiro, que devemos nos adaptar e nos mover sem sentir, sem nos conectar. Uma engrenagem de tempos marcados, de pré-ocupações. Como conciliar esse ritmo da rotina da escola/trabalho com o ritmo interno de cada um?
O Tempo de fato não para, um ciclo sucede o outro e o céu nunca é o mesmo. Esse movimento constante está presente dentro de nós, mas de uma forma muito mais orgânica, mais natural e na verdade muito mais intensa do que supomos.
Os astros, estrelas, planetas, galáxias; o ciclo Lunar, as estações do ano, o nascer, crescer e morrer de tudo o que nos circunda, tudo isso é o Tempo agindo, o Deus Tempo. Não acordamos para segunda-feira, acordamos de sonhos e experiências vividas, acordamos no fluxo.
Talvez Tempo queira dizer Mutação, talvez Tempo queira dizer Caminho, talvez Tempo queira dizer Evolução. Talvez Tempo queira dizer Viver e Morrer.
Eu busca a liberdade para sentir o Tempo.